Por
onde entrei?
Entrei
por essa porta. Qual?
Não
te sabes, não a sabes, não sabes! É uma porta que range nos gonzos. Por falta
de uso. Não te usas, não a usas, não usas…
Entrei-te
e voltei a sair só para avisar os outros de que me ia demorar.
És
tanto por detrás da porta que acho que te perdeste em ti mesmo, que constróis
sobre pormenores e te deixas pequeno no imenso espaço interior, rico de tudo,
cheio de tanto, ocupado de tão pouco.
A
porta fechei-a atrás de mim. Não a deixei aberta não te fosses fugir. E não te
quis arrumar porque só nós nos podemos escolher por dentro, separar o essencial
do acessório. Mas peguei-te na mão da emoção e fiz-te percorrer os labirintos,
os nós, os muros e as barreiras, as paredes de cristal e os abismos por detrás
delas.
Sentei-me
à porta disposta a ficar só mais um pouco, para ver se depois do passeio te
vias, te sentias… Curiosidade pura.
A
porta não mais a abri. Que estou tão bem aqui, vendo-te a alma desimpedida e os
sentimentos ganhando voz. Que estou tão confortável na tua descoberta de ti
mesmo, no deslumbramento de te gostares.
Não
saí pela tua porta. E acho que vou ficar. Não digas a ninguém, mas enfiei-me no
abismo do teu amor.
E deitei fora a chave….
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