segunda-feira, 16 de novembro de 2015

SEM TI

E então de mim, assim, que ardi? Que faço, se me desfaço e não caio num abraço porque sou cinza não tem céu para se lançar? E então de mim, assim, que caí? Que espero, se quero e não tenho um cálice que me recolha porque sou água e não se seguram gotas de chuva? E então de mim, assim, que me parti? Que digo, se tento e não tenho um alento que me cole os pedaços porque os estilhaços são impossíveis de voltar a ligar? E então de mim, Assim, Sem ti? Onde está o céu para me perder queimada do voo e o cálice para me acolher depois de chorada e a inteligência para me reconstruir? Assim, Sem ti, Em mim…

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

JARDIM SEM LUAR


Anda-me
Anda ser e respirar e existir e sorrir, mas deixa-me
Deixa-me
Deixa que o vento sopre e o luar ilumine os amantes, mas anda
segue-te
Segue os teus passos, a tua alma, os teus sentidos, mas não pares
Vai-te
Vai e deixa que eu chegue, que eu me chegue, que exista em mim
Encontra-te
Encontra alguém ou aprende a ser ninguém, mas perde-me
Perde-me
Deixa-me largada no caminho, porque eu sei que consigo
Consigo-me
Consigo ser-me, existir-me, sentir, crescer e florescer
Desde que tu
Árvore frondosa
De folha perene
Deixes passar a luz
E me deixes brilhar
Anda-te
Vai ser sombra
Num jardim sem luar….